A consciência das pessoas sobre os algoritmos


Este artigo de blog foi elaborado com  base nas informações contidas no artigo:

Ter ou não ter conhecimento de algoritmos: uma questão da nova divisão digital?

Link do artigo: https://doi.org/10.1080/1369118X.2020.1736124

 Escrito por “Anne-Britt Gran, Peter Booth & Taina Bucher”

Por Igor Santana:

O artigo busca levantar a discussão, com uma abordagem empírica a respeito do nível de consciência que os usuários das medias digitais tem em relação aos algoritmos, o quanto essas instruções lógicas influenciam na vida e nas tomadas de decisões na vida das pessoas. Com um uso de parâmetro é a realidade em um país altamente digitalizado a Noruega, com algumas referências de outros países como EUA. O artigo busca fornecer informações á respeito do poder e a politica que estão por trás dos algoritmos e sua interferência na vida das pessoas.

Algoritmos

Os algoritmos nada mais são que informações tecnológicas que são transformadas em dados de instruções lógicas, criadas por engenheiros de dados, matemáticos e programadores. Esses algoritmos são estruturas invisíveis para os internautas que de forma, consciente ou inconscientemente, são influenciados e seguem essas instruções. Na medida em que os algoritmos influenciam cada vez mais a entrega de informações e conteúdo, a conscientização dos algoritmos dos usuários da Internet se torna uma questão de vida pública e democracia.

O acesso, as habilidades e os benefícios gerais dos conjuntos algorítmicos afetam a vida das pessoas de maneira fundamental, porém de forma desigual. Como os estudiosos da informação e do direito têm mostrado, especialmente no contexto dos Estados Unidos, os algoritmos são usados ​​para tomar decisões sobre policiamento, sentenças criminais, emprego, admissões em faculdades, seguros e serviços sociais que amplificam e reproduzem a sociedade desigual.

Metodologia de estudo utilizada

Tendo em consideração a falta de pesquisas concretas que investiguem a conscientização do público sobre algoritmos, que não sejam apenas os estudos das plataformas específicas, o artigo utiliza de uma abordagem de pesquisa exploratória.

Perguntas de pesquisa

  • Há evidências de relações entre as principais variáveis ​​demográficas e a conscientização e as atitudes em relação aos algoritmos?
  • Até que ponto há evidências de diferenças de atitude entre três funções algorítmicas distintas: recomendações baseadas em algoritmos (como músicas recomendadas no Spotify e vídeos no YouTube e, em princípio, em todas as plataformas de entretenimento comercial);  anúncios orientados por algoritmos (usados ​​onde os anúncios fazem parte do modelo de negócios; em mecanismos de busca, em mídias sociais, em plataformas de entretenimento e em sites) e; conteúdo orientado por algoritmos (feeds de notícias personalizados tanto em mídias sociais quanto em jornais online)?
  • Há evidências de relações entre os níveis auto-relatados de consciência do algoritmo e as atitudes em relação aos três processos algorítmicos?

Pesquisas do artigo

 O estudo realizado pelo artigo, sãos participantes online no qual responderam 59 perguntas abertas e fechadas relacionadas ao nível de consciencia das pessoas sobre os algoritmos, o público-alvo desse estudo foi a Noruega, onde 98% da população tem acesso à internet (Statistics Norway, 2019 ) e 95% tem um smartphone (Schiro, 2019).

Os dados usados ​​neste estudo são provenientes de uma pesquisa na web maior, realizada entre 15 e 30 de novembro de 2018.

 Os resultados indicam que 41% da população norueguesa entende que não tem conhecimento algum de algoritmos. 21% relatam baixa conscientização, 26% alguma conscientização, 10% alta conscientização e apenas 3% indicam que têm uma conscientização muito alta de algoritmos a ponto de ter uma opinião formada sobre o assunto.

Embora esta pesquisa forneça novos insights sobre a consciência algorítmica em um ambiente altamente digital, ela é limitada. O problema subjacente é o uso de dados autorrelatados para medir a consciência e as atitudes em relação aos algoritmos. Embora Hargittai (2009) tenha descoberto que as pessoas geralmente eram verdadeiras em pesquisas de conhecimento online auto-relatadas, havia duas perguntas separadas que afetavam a forma como as medidas de consciência eram interpretadas.

Divisão mais detalhada a cerca do conhecimento e opinões da população Norueguesa sobre os Algoritmos:

  • Inconscientes (40,6%) – Aqueles que afirmavam não ter nenhum tipo de conhecimento dos algoritmos.
  • Incertos (12,5%) – Pessoas que demostravam alguma consciência a cerca do assunto.
  • Os afirmativos (11,6%) – Essas pessoas já afirmavam ter algum tipo de conhecimento sobre os alritmos.
  • Neutros (10,8%) – Essas além de algum conhecimento, faziam uso das indicações para plataformas como Youtube, Spotify e outros.
  • Céticos (14,4%) – Além de um bom nível de conhecimentos sobre os algoritmos, essas pessoas já tem opiniões na maioria negativas sobre.
  • Crítos (10%) – Como o nome já indica, esse grupo de pessoas tem muita consciência e rejeição as influências dos algoritmos.

Descobertas com o estudo

Com o resultados das pesquisas indicam que na sua grande maioria a população Norueguesa não tem muito conhecimento sobre os algoritmos.

Houve uma associação significativa entre o gênero e a medida de consciência do algoritmo, com os homens percebendo níveis mais altos de consciência do algoritmo do que as mulheres.

As diferenças educacionais não forneceram uma explicação concreta para esse resultado. Embora a análise de comentários abertos revele que ambas as categorias educacionais (Com mais ou menos formação acadêmica) se preocupam com a privacidade e adequação das recomendações pelos algoritmos, o grupo mais instruído apenas indica maiores preocupações com a censura.

Conclusões

Em frente a um cenário onde o estudo mostra o baixo nível de conhecimento das pessoas em relação aos algoritmos e tendo em consideração que hoje os algoritmos tem uma influênia muito grande na vida das pessoas e suas tomadas de docisões, sejam no âmbito político, social, financeiro, no que as pessoas vestem, essa falta de conhecimento é um panorama preocupante. As pessoas estão sendo o tempo todo influenciadas e as mesmas não tem a menor noção disso. Como o resultado da pesquisa sugere em um país desenvolvido como a Norugea ainda assim mostram um situação onde 61% da população relatam ter pouca ou nenhuma consciência a respeito de algoritmos.

Os empreendedores da nova era do marketing praticado em um ambiente digital, são os que precisam aprender as “competências algorítimicas” para conseguir ter uma compreensão dos dados gerados pelos algoritmos, gerenciar, inperpretar e usar essas informações para as novas profissões dessa era digital, por exemplo SEO, que utilizada desses dados para otimizar os sites para que aparecam no momento certo no resultados de pesquisas nos mecanimos de busca (Goole, Yahoo, bing…) quando uma pessoa pesquisar por algo relacinado a empresa dona do site. Os dados gerados pelos algoritmos são muito usados também para direcionar os anúncios digitais.

Tendo em consideração um contexto de democracia de conhecimento o artigo conclui que a exclusão digital não está relacionada apenas ao nível ou não de uso equipamentos eletrônicos (Telemóveis, computadores, tablets, internet e outros) mas sim está relacionada a habilidade e uso consciente da influência dos mesmo sobre suas tomadas de decisões.