Storytelling e reações da audiência nas redes sociais 📢


Artigo e teoria principal: Storytelling and audience reactions in social media – Anna De Fina

  • Chandler, Daniel (1998). Personal home pages and the construction of identities on the web. Online: http://visual-memory.co.uk/daniel/Documents/short/webident.html; accessed October 10, 2014.
  • Deuze, Mark (2014). Media life. Hoboken, NJ: Wiley.
  • Georgakopoulou, Alexandra (2004). To tell or not to tell? Email stories between on- and offline interactions. Language@Internet. Online: http://www.languageatinternet.org/articles/2004/36; accessed May 15, 2014.
  • Goffman, Erving (1974). Frame analysis: An essay on the organization of experience. Cambridge, MA: Harvard University Press.
  • Herring, Susan C. (1996). Computer-mediated communication: Linguistic, social, and cross-cultural perspectives. Amsterdam: John Benjamins.

O storytelling é uma forma poderosa de relacionamento com o público que envolve o uso de palavras, imagens ou outros meios para contar uma história ou comunicar uma mensagem de uma forma interessante e atraente.

Para o storytelling ser eficaz nas redes sociais, é preciso considerar os interesses, valores e motivações do público-alvo e adaptar a história ou mensagem de acordo com os mesmos, tal como ter em consideração a análise das reações e do feedback do público.

Qual o ponto de partida deste artigo?

Este artigo discute o storytelling como uma forma comum de comunicação humana e como a tecnologia tem um impacto significativo na produção e recepção de narrativas. O artigo defende que é importante considerar as práticas participativas na análise da narrativa e examina: a participação do público em um blog aberto a comentários e interações.

Qual a metodologia utlizada e os resultados do estudo?

Ao utilizar conceitos como participação, frameworks e frames como ponto de partida, o artigo examina o foco dos comentários, a dinâmica intencional estabelecida pelos participantes, o tom das mensagens e os meios utilizados nas mensagens.

O artigo também observa um aumento significativo da reflexividade nos comentários à medida que os participantes se envolvem mais com o mundo da narrativa do que com o mundo dos contos. Em geral, o artigo sugere que é importante considerarmos a influência da tecnologia ao estudarmos a narrativa. Para este estudo foram utilizadas as metodologias de análise quantitativa e qualitativa.

As categorias para a avaliação dos comentários escolhidas foram: Tópico ao qual o comentário pertencia; Nome do participante; Dinâmica de intenção; Foco do comentário; Tipo de media; Tom da mensagem.

Os comentários foram categorizados em diferentes focos, que incluem o “storyrealm” (o mundo do conto ou história), o “mundo exterior” (o contexto fora do conto), e “uma segunda história” (referenciando outras histórias ou contos). A análise mostrou que a maioria dos comentários se concentrava no “storyrealm” e que a maioria das interações não era uma resposta a um comentário anterior, mas sim a publicação de uma opinião individual sem um diálogo sustentado sobre o mesmo tópico. Além disso, os resultados sugerem que os participantes não estavam particularmente focados no conteúdo informativo da comunicação online, mas noutros aspetos da comunicação.

A discussão incluiu 394 comentários escritos por 197 usuários. Aproximadamente 83% desses comentários foram publicados como parte de um tópico de discussão, que foi separado de outros tópicos no blog por uma linha tracejada. Existiram 95 tópicos de discussão, mas apenas 28 deles (29%) tiveram mais de um participante, enquanto os outros 67 (71%) consistiam em comentários individuais que não receberam respostas.

No estudo é referido que quase um quarto dos comentários estão na categoria de tópico inicial e a categoria mais popular é uma resposta a algum comentário (não anterior) (36%). Os usuários tendem a colocar suas próprias opiniões sem prestar muita atenção ao que veio antes, ou para divagar em novos tópicos. Isso indica que os participantes não estão realmente focados no conteúdo e nos componentes informativos da comunicação digital, mas sim noutros aspetos dela, não se sentindo particularmente obrigados a permanecer no ponto.

No estudo é demonstrado que o principal foco dos comentários foi o storyrealm (56%), seguido pelo contexto do mundo exterior (30%), depois por comentários sobre uma segunda história (8%) e finalmente por comentários no taleworld (2%). Isso significa que mais da metade dos comentários foram dedicados ao contexto da narrativa e mais de um terço ao mundo fora da história.

Os dados demostram que os participantes tendem a utilizar mais os recursos textuais em relação a outras plataformas em muitos ambientes online. A análise mostra que cerca de 93% dos comentários utilizaram apenas texto, cerca de 4% utilizaram texto e uma foto, 1,3% utilizaram texto e vídeo e 1% utilizaram texto e GIF.

A análise refere que comentários irônicos e agressivos constituem mais da metade dos dados (cerca de 67%), enquanto que comentários amigáveis são os menos frequentes e comentários neutros constituem em apenas 22% dos dados. Observa-se que a codificação tem um certo nível de subjetividade, pois os limites entre agressividade, ironia e sarcasmo não são claros.

Conclusões finais a considerar

Os participantes em redes sociais tendem a ter interações breves e superficiais, com uma significativa parte dos comentários tendo um tom negativo ou irônico. O foco dessas interações geralmente é o meio e a atividade, e não a história ou os personagens discutidos.

Existe uma falta de conversas sustentadas e relacionadas ao tópico, com tópicos e focos de enquadramento frequentemente alterados. A falta de envolvimento sustentado pode ser devida à natureza geralmente pouco amigável de muitos ambientes no digital, o que pode levar a excessos emocionais e escalada de negatividade em desacordos.

Os resultados confirmam o apelo da cultura participativa, mas também destacam os desafios de fomentar interações significativas e cooperativas em ambientes do meio digital.